terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Mãe?


...Quando criança repetia para Mainha por centenas de vezes que não queria ser mãe. Vivia lembrando cenas com alguma mulher dizendo que "parir doía horrores".Nas brincadeiras com as bonecas, quase nunca apareciam estes papeis de mãe-e-filha, gostava de cuidar delas brincando que estavam em hospitais, escolas, ou que eram minhas irmãs. Lembro que ganhei um conjunto da Barbie com o Ken que a boneca já vinha com um bêbê de encaixe na barriga; um brinquedo com representação de "familía" bem hetero-normativo (como diz minha amiga Mari). Adorava dizer que estava fazendo o parto dela!!! Vez por outra,junto com as amigas da minha rua, construíamos familias, cada uma com sua casa, seus móveis, seu carro, vários empregos... eram muitas mulheres, e os maridos? Hummm... Só uma possuía união estável hetero!!! Outras três namoravam o mesmo "cara" e as outras quatro bonecas eram casadas homo afetivamente (não chamávamos assim, claro! Nem nomenclaturavamos). Talvez essas nossas famílias fossem reflexo de sempre termos nas brincadeiras apenas dois "Ken" diante de tantas "Barbie" ou a "comprovação" de que quando crianças lidamos muito melhor com os sentimentos, desejos e vontades. Enquanto as distinções, descriminações e preconceitos, são repetidas a partir da educação/convívio com os adultos!

Aos 8 anos de idade era 4cm menor do que sou hoje, (cresci muito rápido),então logo me defini como pré-adolescente (ai de quem não concordasse). Me desinteressei pelos brinquedos e em seguida a graça eram os clubinhos, grupo de dança, de canto...milhares de coisas iam surgindo ao mesmo tempo, até a adolescência efetivamente chegar e eu estar tão empolgada com questões religiosas e sociais, que nem mesmo a grande paixão/amor pelo 1° namorado ou desistir de ser freira, me fizeram pensar em ser mãe. (Um namoro que atravessou minha adolescência. 3 anos entre idas e vindas. Expectativa e conflito para a "primeira vez", presente de 15 anos...veja só! Mas não aconteceu. Meus principios cristãos não permitiram, além de termos terminado pouco antes do meu aniversário, por ele se apaixonar por outra pessoa).

Lembro que pensava em casar ... Fazer uma festaaa!!! Mas, SER MÃE sempre fora projetado para depois das formaturas (eu achava que concluíamos a universidade do mesmo modo que cursos de férias, logo me formaria em muitas áreas), mestrado, doutorado...Viagens, aff, muitas !!!(Ainda tenho o mapa que fiz de todos os lugares do mundo que irei conhecer) e aí sim eu começaria a pensar na possibilidade de ter duas crianças! Nascidas de mim ou adotadas! Beeem depois dos 30!!!

Mas aí... A gente cresce, aprende o que construiu como identidade, afirma para si e para o mundo, muda de princípios religiosos, têm uma namorada, faz cursos técnicos só para se "profissionalizar", teatro para alimentar a alma, compra violino para iludir o sonho de viver de música, deixa de morar com mãe, pai e irmãos, vira adulta mais rápido do que pensa, percebe ou gostaria, mora com mãe, mora com pai, vai fazer faculdade em outra cidade, tranca a faculdade, mora sozinha, questiona sua sexualidade (Gosto de pessoas? Quiz ficar com meninos para negar que vivi/vivo relacionamento homo afetivo?Sou Bi?)Reata relacionamento, decidem morar juntas na antiga cidade, volta para faculdade, estabelecem um relacionamento estável, os anos passam, e as vésperas de completarem 7 anos, de passar os últimos finais de semana brincando com as sobrinhas e o almoço de hoje conversando sobre parto normal e Cesário, tratamentos holísticos; me questiono: Quero ser mãe? Serei?


RESPOSTA PARA ÁVILA:

Quero e serei! Hoje ou daqui a 7 anos, caso queira ser mãe comigo. PARA SERMOS AS MELHORES MÃES JUNTAS!!!

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