terça-feira, 17 de maio de 2011

MENSTRUAÇÃO

Há tempos os seres humanos vêm se distanciando cada vez mais de sua essência e do mistério que permeia nossa existência. Nossos ancestrais viviam em contato com a natureza, reverenciavam os seus ciclos, através das mudanças das estações, e em profunda gratidão por tudo o que a Grande Mãe Terra lhes ofertava.
Também já faz muito tempo que a menstruação deixou de ser considerada sagrada. Milênios de supremacia e domínio patriarcal despojaram a mulher de seu poder inato e negaram-lhe até mesmo seu valor como criadoras e nutridoras da própria vida. Com isso, todo ritual de inerente a menstruação foi sendo taxado de tolice, ensinado que ela não tinha função alguma a não ser a de substituição do endométrio uterino; passando a ser considerada algo negativo, incômodo e indesejável – Distanciamento da polaridade feminina com a natureza.
Para diferentes povos antigos a menstruação era um dom dado às mulheres pelas Deusas para que elas pudessem criar e perpetuar a própria vida. Há vestígios dessa concepção em todos os continentes da terra. Era sagrada para Celtas, Egípcios, Tântricos...
Em diversas línguas, as palavras menstruação e Lua são as mesmas, ou estão associadas. Tem sílaba- raiz mens – mensis, que está ligada a contagem do tempo – mudança da lua – Os ciclos menstruais das mulheres são alinhados com os da lua, assim como os das marés, sendo um lembrete poderoso, todos os meses. Na lua cheia, o óvulo era liberado. Nos 14 dias que antecediam essa liberação, as energias da criação reúnem tudo que é necessário para construir o óvulo. Quando passava a Lua cheia e o óvulo era fertilizado, tornava-se maduro demais e se decompunha, derramando-se no fluxo natural de sangue na Lua Escura (nova). Se a mulher vivia em perfeita harmonia com a Terra, ela só sangraria três dias da Lua Escura. Cessando o fluxo quando a Lua nova emerge e o ciclo da criação é reiniciado dentro dela. Alguns povos originários norte- americanos e camponeses europeus consideravam a Lua uma mulher, a primeira mulher do Universo, a Avó Lua. Alguns camponeses alemães chamavam o período menstrual de “a lua”. Na França é chamada de “Le moment de la luna”.
Nas sociedades matrifocais, as sacerdotisas ofereciam seu sangue menstrual à Deusa e faziam suas profecias durante os estados de extrema sensibilidade psíquica de fase menstrual, a que, entre outras coisas, gerou a caça das bruxas, durante a Inquisição.
A sincronicidade do ciclo lunar e menstrual refletia o vinculo entre a mulher e a divindade, pois ela guardava o mistério da vida em seu corpo e tinha o poder de tornar real o potencial de criação. O ventre, simbolizado pelo grande caldeirão por diversos povos nativos, representava um templo sagrado, de onde a vida era emanada. Os homens, também, reverenciavam a mulher por esse grande poder.
Eram realizados rituais de renovação e purificação nas Cabanas ou Tendas Lunares, onde as mulheres se isolavam para recuperar suas energias e a abrir seus canais psíquicos para o intercambio com o mundo espiritual. Contavam histórias, recebiam as meninas que estavam no primeiro ciclo. O sangue era recolhido numa folha e era oferecido na beira do Rio para a Vó Lua e Mãe Terra. As meninas entravam como adolescentes e saiam como mulheres. Na tenda todas ofereciam seu sangue para Mãe Terra, e as mais velhas ensinavam as mais novas os segredos e a arte de “ser mulher”.
O corpo é uma pista para compreendermos o que fazemos em níveis não físicos. Podemos perceber os desequilíbrios menstruais sendo um sinal da necessidade de harmonizarmos a vida, realizando mudanças e ajustes.
Ao liberarem seu sangue na terra, aproveitavam essa energia poderosa das visões que vêm do tempo-da-lua. As fontes de inspiração e das profecias são tão importantes que passam a ser consideradas sagradas, já que os sonhos, pensamentos e visões obtidos no tempo-da-lua são ouvidos pela comunidade inteira.
Quando uma mulher entra na idade da sabedoria, seu sangue sábio fica retido dentro do seu corpo. Esta era considerada uma estadia, o incrível poder da mulher em menopausa. Seu “sangue sábio” da vida e as habilidades de desafiar a morte permaneceram dentro de seu corpo. Não mais terá que sangrar para nutrir a terra com seu presente, nem necessita compartilhar de seu corpo para ajudar criar uma nova vida. Isto significa que a mulher atingiu sua fase de incrível poder, com muitas dádivas especiais e bênçãos para compartilhar com seus povos.
A humanidade ficou durante milênios afastada do Divino Feminino. O caminho para reencontrarmos dentro de nós a energia gerada pela Grande Mãe é abrindo nosso coração, pois a morada dessa força feminina é justamente a zona cardíaca. O retorno desta energia está sendo favorecida pelo Movimento de Conscientização Feminina espalhada por várias partes do mundo, pelo despertar da consciência ecológica, pelas novas teorias cientificas que vêem a Terra como um “ser vivo”. Ao relembrarem a Deusa, as mulheres estão estabelecendo- celebrando a si mesmas. Ela está em toda parte, em tudo; nos grãos de areia e nos cereais, nas montanhas e nas ondas do mar, nas plantas e nos animais, nas árvores e nas nuvens, no vento e no fogo, na terra e na Lua, na alegria da vida e nos mistérios da morte.




Dicas:

- ARRUDA (Ruta graveolens) – calmante – ajuda na mesntruação escassa e em desequilíbrios emocionais.

- ROCHA CRISOCOLA – Regida por Vênus, a pedra é ligada a energia feminina. É especialmente protetora das gestantes.

- “PEDRA DA LUA” – É associada a energia da Mãe e pode ser usada para qualquer disfunção feminina ou mesmo para harmonização, durante a gravidez, no momento do parto ou no dia-a-dia.

- COMALINA – Ligada ao fogo, ao sangue e ao ventre – muito usada para diminuir cólicas.

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